quarta-feira, 14 de novembro de 2012

MÚLTIPLOS OLHARES

TODOS OS BICHOS DE NÊ SANT’ANNA

BICHO SAUDOSISTA

Não tem jeito, um bicho saudosista me contaminou. E quando isso acontece não adianta lutar, temos que esperar o surto passar. Pois então volto a Novembro de 1995 quando meu filho Gabriel prematuramente aos oito meses, nasceu. Bebezinhos são lindos, mas deixam a gente habitando por uns meses em outro universo, um universo de cólicas, fraldas e profundas olheiras. Dias depois do nascimento de Gabriel, com olheiras que iam quase até minha boca, recebi a visita de um funcionário da secretária de educação do município com a finalidade que eu assinasse a permissão para que meu poema Labaredas pudesse ser publicado no Mapa Cultural Paulista daquele ano. Assinei, é claro, e 1995 sempre terá cheiro para mim de poesia, prêmios e bebê novo!
Enquanto Gabriel crescia e eu encarava todas as fases de tentar educar uma criança, a Sociedade Amigos da Cultura de Iepê nasceu e então pude fazer projetos nos quais o “bicho da palavra e da arte” que sempre me habitou encontrou seu espaço. E como fizemos “loucuras”, eu e os outros componentes da SACI, nos primeiros anos! Nunca esquecerei um Dezembro no qual inventamos uma peça de Natal e uma chegada de papai e mamãe Noel de carroça. O problema era achar um cavalo para a carroça que um amigo de um amigo do Adriano (Drica) emprestara. Como uma de nossas características mais fortes é não desistir nunca, pedimos ao seu Dito um cavalo emprestado. Depois do cortejo ao papai e mamãe Noel (Drica e Renata Damásio, respectivamente) no qual até uma viatura policial ajudou ligando a sirene (pois na época não tínhamos som nem dinheiro para alugar um) e da apresentação da peça teatral em frente à biblioteca, sobrava um problema: levar o cavalo, um tanto doente, para uma chácara. Lá fomos nós: a Drica à cavalo, eu, o Tiago , o Anderson e a Carol no meu carro. A estrada era escura e os faróis do carro tinham que nortear a Drica. Rimos muito e inventamos fantasmas para assustar o Anderson. Foram anos de estrada e muitas histórias, sempre com finais razoavelmente felizes ou cômicos.
Quando apareceram meus primeiros fios de cabelo branco o Anderson os arrancou. Virou praxe ele arrancá-los quase toda semana. Chegou um momento que a ficha caiu: eu estava envelhecendo, e percebi que os “meninos”, lá no fundo, mesmo sem darem conta, queriam “maquiar” o tempo, então o Anderson arrancava os meus cabelos brancos. Não gostei dos primeiros cabelos brancos, mas hoje convivo com eles porque sei que eles não perturbam em nada a livre expressão do meu bicho da palavra e da arte.
 Já comentei na postagem da semana passada que remexi em “guardados” procurando uma crônica que publiquei em 1995, logo após o I CLIPP, não a encontrei, mas garimpei outras coisas, “recuerdos” que divido com vocês. A crônica Um Herói escrevi quando Betinho morreu e foi publicada em vários jornais, dentre os quais o Jornal da Cidadania fundado por Betinho. Anos depois, a SACI recebeu um prêmio pelo projeto Concertos de Leitura desse jornal e continuamos com essa parceria. Espero que gostem porque outros “achados” só na próxima contaminação do bicho saudosista.   






2 comentários:

  1. ACHO QUE O BICHO SAUDOSISTA ME PICOU TB...QUE SAUDADES DOS NOSSOS PROJETOS!!! QUASE MORRI DE RIR A IMAGINAR A DRICA DE CARROCINHA DE NATAL...RS, BJS AMIGOS!

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  2. Eita que esse bicho saudosista resolveu contaminar todo mundo, hehehe. Até a Dete entrou na dança. Doze anos parecem longos, mas pra mim, parece que foi ontem que fui convidado a participar dessa equipe que tem lutado e continuará lutando por uma Cultura de Paz. Que venham novos sonhos, novos projetos, novas amizades... Beijos, Nê Sant'Anna.

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