quarta-feira, 27 de junho de 2012

MÚLTIPLOS OLHARES

“Vou colecionar mais um soneto um retrato em branco
e preto a maltratar meu coração”
(Chico Buarque) 

COLEÇÕES

Durante a vida colecionamos, colecionamos... Amores, lembranças, frustrações, objetos. Com o tempo a tendência são retratos em branco e preto ou exageradamente coloridos, psicodélicos, com tintas fornecidas pela fantasia.
Poesia são flashes de emoções e percepções. Trago essa semana retratos ¾ de 2010.


2010 EM ¾

NORDESTE

Enchente,
Desespero,
Lágrimas de poeira,
Solidariedade e solidão,
Marcaram os dias
Para muitas,
Muitas vidas Severinas!


COPA 2010

A bola rola por vontade própria,
O mundo gira,
Saramago se despede,
Lula é o cara,
O Rio continua lindo,
O som é mais ruidoso!
Mas, e as sempre eternas questões?
É... talvez hoje se traduzam em:
VUVUZELA, MANDELA!



OUTUBRO

Salve o palhaço Tiririca,
O bolsa família,
A beleza florestal,
E todas as velhas demagogias e hipocrisias!

Inpalavras! (Revelando Talentos)


Durante as inscrições para o Prêmio Iepê de Poesia de 2011, recebemos trabalhos de um presidiário que ficou sabendo do concurso pela imprensa. Começou então uma troca de cartas e através do envio de livros e do incentivo para que esse presidiário continuasse a produzir textos, vários detentos também se interessaram em ler, escrever e expressar-se através de InPALAVRAS. Um dos InPALAVRAS dessa semana é de um presidiário e só contamos isso porque ele nos autorizou.Mais uma vez fica claro que a arte liberta , rompe grades e possibilita outros sonhos.



R. T.: Sérgio Fabrício

Revelando Talentos
 
          O projeto Revelando Talentos dessa semana apresenta o poema "Questão de tempo" do poeta e professor Sérgio Fabrício.


QUESTÃO DE TEMPO (THAÍS)*


Fazia tempo que eu não via o céu estrelado
Fazia tempo que eu amava e não era amado
Fazia tempo que eu não tinha um amigo do lado
Fazia tempo que eu não sabia o que era certo ou errado
Fazia tempo, muito tempo


Fazia tempo que eu me encontrava perdido
Fazia tempo que o meu tempo havia sumido
Fazia tempo que o sonho havia surgido
Fazia tempo que a noite se foi e o sol não havia nascido
Fazia tempo, muito tempo

Fazia tempo que eu não via as ondas do mar
Fazia tempo que a paz estava para chegar
Fazia tempo que a ilusão iria acabar
Fazia tempo que eu não via a lua cheia brilhar
Fazia tempo, muito tempo

Faz pouco tempo que eu vi tudo isso terminar
Faz pouco tempo que eu vi o amor chegar
Faz pouco tempo que eu fiz alguém se alegrar
Porque faz pouco tempo que ela me fez chorar
Faz pouco tempo, muito pouco tempo
                               *Sérgio Fabrício

quarta-feira, 20 de junho de 2012

MÚLTIPLOS OLHARES

MÚLTIPLOS OLHARES

Dia 24 de junho Iepê comemora 89 anos, embora tenha sido fundada em 23 de abril de 1923. A data de 24 de Junho foi instituída como o Dia da Cidade pelo prefeito Álvaro Coelho em 1960 (Lei nº 77 do dia 13 de Julho de 1960 que diz em seu artigo 1º: “Fica instituído a partir da promulgação desta lei o DIA DA CIDADE, que recairá na data de 24 de junho, consagrado a São João Batista, padroeiro da cidade e já considerada feriado municipal, por força da Lei nº 3, de 23 de junho de 1952”).
Datas a parte o que interessa e deve ser constantemente relembrado é o ideal pelo qual Iepê foi fundada: a liberdade. Liberdade de quê? Liberdade de pensamento!, garantindo Liberdade religiosa e política. Iepê poderia ter se tornado um gueto protestante e continuar alimentando as brigas religiosas com o patrimônio de São Roque e, provavelmente, os dois patrimônios teriam deixado de existir. Felizmente a concepção que norteou sua fundação, e possibilitou o florescimento de uma cidade há 89 anos, foi a de uma Cultura de Paz, sintetizada na frase de Chico Maria: “UMA TERRA PARA TODOS”.
 Chico Maria e Antônio de Almeida Prado, que doou dez alqueires de terra para a criação de Iepê, são os fundadores de Iepê. No início a cidade era chamada de Liberdade, mas, por motivos burocráticos (sempre eles), recebeu o nome Iepê, que em Tupi-Guarani significa numa tradução poética “Liberdade” (e a rigor Um ou Lugar Único).
Vou dizer novamente o ano de fundação: 1923! Cinco anos após a Primeira Guerra Mundial e em Plena República Velha brasileira, ou seja, as ideias sobre Democracia e Cultura de Paz não estavam “incorporadas” culturalmente, como ainda não estão. Esse alicerce no qual a fundação de Iepê está sedimentada é que não pode ser esquecido e, mais que isso, além de orgulho, deve ser objeto de contínua reflexão não só por Iepeenses, mas por todos que como nossos pioneiros sonham com um mundo melhor no qual a Liberdade política, religiosa e de gênero nunca deve ser - sob pretexto algum- moeda de troca.

IEPÊ: LUGAR ÚNICO

Eu nasci numa cidade pequenina e especial;
Natureza exuberante, gente forte,
Que no sertão
Plantou uma cidade que de todos pudesse ser.
Eu nasci numa cidade concebida
Por um sonho de liberdade
Terra roxa e fértil, lugar único,
De onde brotam ideais, poesia, arte e pão.



89º aniversário de Iepê

Programação das atividades

22/06 (sexta-feira)

11h00 – Solenidade de entrega de Certificado de Dispensa de Incorporação do Serviço Militar, no Salão Paroquial

1º Arraiá de Iepê - 1ª Noite
Apresentações na Praça Central Dona Silvina de Almeida Prado:
19h30 – Quadrilha, com alunos da Emefei Dona Juventina Zago de Oliveira
19h45 – Dança Junina, com alunos da Emefei Dona Juventina Zago de Oliveira
20h00 – Quadrilha representando as festas típicas de Iepê, com alunos da EMEF João Antonio Rodrigues
20h15 – Dança Country, com alunos da Emef João Antonio Rodrigues
20h30 – Apresentação musical, com os alunos do Projeto Guri
21h00 – Outras apresentações na Concha Acústica
21h30 – Shows Musicais na Rua Minas Gerais, ao lado da Prefeitura:
22h00 – Bem Forró
23h30 – Juline Suman

23/06 (sábado)

8h – Jogos Amistosos entre Iepê e Nantes, Estádio Municipal Guilherme de Paula Machado

1º Arraiá de Iepê - 2ª Noite
Rua Minas Gerais, ao lado da Prefeitura:
21h00 – Dança da Fita, com alunos da Casa da Criança e do Adolescente de Iepê
21h30 – Quadrilha com a Turma dos Sarados
Shows Musicais na Rua Minas Gerais, ao lado da Prefeitura:
22h00 – Denis e Renan
22h30 – Frank e Forasteiro
23h00 – DJ Adê
23h30 – Banda Ravena
24/06 (domingo)
8h – 4° Torneio de Truco ‘José Ruela’ e 3º Torneio de Bocha ‘Augusto Ferreira de Castilho’, Bar do Asilo
14h – Jogos de Futebol de Campo entre a equipe amadora e categoria sub 18 de Iepê e Nantes

terça-feira, 12 de junho de 2012

Múltiplos Olhares

TODOS OS BICHOS DE NÊ SANT'ANNA

VELHO POEMA PERDIDO

Meu mundo caiu
Numa bacia de sabão
Ficou alvo e translúcido,
Sem nenhuma fibra ou cor
Imerso em depressiva solidão.


NOTÍCIAS DO MEU GOL BRANCO ANO 2004

Meu Gol me mandou notícias; chegaram via correio em uma multa por excesso de velocidade numa estrada perto de Bauru. Detalhe: na data da multa eu já tinha vendido-o e no breve espaço de tempo para transferir os documentos é que o danado do gol achou um jeito de me dizer adeus. A multa veio com uma foto dele, bem mais bonito e sem a batida lateral, aquela que eu nunca tive coragem de consertar!
Fiquei triste de vê-lo pela última vez, mas foi um jeito de nos despedirmos definitivamente, porque no dia que o levaram para a venda eu não consegui estar presente. Acho que seremos felizes: ele e eu aventurando-nos por outros caminhos...

R. T.: Poemas

Revelando Talentos

          O Revelando Talentos dessa semana apresenta três poemas dos poetas Adeílton e Skloser. Confiram:

METADE DA VIDA

Já vivi metade do que viverei,
Mas esse tempo passou tão rápido
Que nem deu pra ver,
E nem pra fazer
Tudo que devia!
Com esta outra metade que viverei,
E que com certeza passará lentamente
Terei tempo para ver o que não vi
E fazer finalmente o que deveria fazer
E não fiz.
Adeílton 16/05/12

PENSAMENTOS DE UM PRESO

Eu não sei se as leis são justas ou injustas. Os pobres presos miseráveis já sabem que muralhas de prisão são altas, fortes e invioláveis; e que um dia é mais longo que um ano; ano de dias infindáveis.
Eu sei também (assim todos soubessem), que as paredes de uma prisão são feitas de tijolos escuros; que são para Cristo não ver como o homem trata barbaramente o seu próprio irmão...

ADEILTON 16/05/12


MÃE
Você é a razão do meu viver...
Aconteça o que acontecer
Jamais vou te esquecer...

Peço-te mil desculpas
Por qualquer decepção...
Saber que você está bem
Alegra o meu coração...

Acredite, o meu amor
É verdadeiro...
Saudades, claro que tenho,
Penso na senhora o dia inteiro...

Você continua sendo
O meu melhor tesouro...
Tem mais valor do que qualquer
Riqueza, dinheiro ou ouro...

SKLOSER  8/05/12

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Dona Laurinda:

uma lutadora de laços, música e fitas



          Mário Lago (ator, poeta, compositor e primo de dona Laurinda) disse: “Fiz um acordo com o tempo, nem eu fujo dele, nem ele me persegue.” Dona Laurinda, com certeza, partilhava desse mesmo acordo, pois viveu intensamente e nunca fugiu do tempo, caminhava com ele e imprimia suas marcas em cada dia.
          Mantinha uma página no Orkut com a mesma desenvoltura com que vendia, há anos atrás, verduras e artesanato por toda cidade. Seus laços e fitas para cabelo eram carregados em uma cesta e ela oferecia-os sempre com um sorriso e uma boa história para contar. Gostava de cantar e com a mesma determinação utilizada para as artes, lutava por suas convicções, movida pela fé em Deus e na vida.
           Talvez os laços simbolizem a vida de Dona Laurinda: laços com a família, com as Igrejas que freqüentou, com a cidade. Até o fim ela nunca se acomodou, sempre colaborando conosco ao relatar suas histórias e assim tecendo mais laços, caminhou com o seu eterno sorriso para a eternidade. Uma de suas últimas e sábias frases foi: ”Já estou com as malas prontas, já cumpri minha missão e estou pronta para ir ao encontro de Jesus.”
          Dona Laurinda viveu e morreu sem medo. Uma das últimas frases dita por seu primo Mário Lago, aos 89 anos, sintetiza seu generoso legado: "Fiz o que quis e fiz com paixão. Se a paixão estava errada, paciência. Não tenho frustrações, porque vivi como em um espetáculo. Não fiquei vendo a vida passar, sempre acompanhei o desfile."

         
Homenagem da Sociedade Amigos da Cultura de Iepê, Museu de Arqueologia de Iepê, Ponto de Cultura de Iepê e Museu Histórico da Igreja Presbiteriana de Iepê.