quinta-feira, 12 de setembro de 2013

MÚLTIPLOS OLHARES

                                                                               

                                                                               ABRINDO ESPAÇOS PARA OS “BICHOS E OLHARES” ALHEIOS

Essa coluna estará até outubro abrindo espaço para os “Múltiplos Olhares” de presidiários. São Raps, Poemas e Reflexões sobre a vida produzidos em um universo dramático, mas também pontuado de sonhos e esperança. Agradeço a todos que enviaram seus textos e deixo meu incentivo para que continuem, pois o pensamento, a arte, a literatura e a poesia transpõem grades e podem voar. Vocês me provaram isso!   Nê Sant’Anna.

Aos que se interessarem em gravar ou musicar alguns dos Raps que serão postados nessa coluna, basta nos procurar no Ponto de Cultura ou por meio do e-mail desse blog que passaremos o contato dos autores.



ESPASMOS DE UM ENCARCERADO



É com a maior simplicidade e espontaneidade que pego nessa caneta, para assim dirigir-lhes meu humilde refletir. Sobre mim o que posso dizer é que  sou alguém que está sempre em transição, que está sempre em busca de preencher o “cofre” infinito de suporte chamado cérebro, e o mais estranho é que quanto mais eu deposito, maior é o espaço que nele há.
Muitas vezes quando se emprega a regra, lá mesmo, juntinho a ela, está a exceção; quando queremos ajudar acabamos atrapalhando. Se não sabemos ao certo o que é bom para nós mesmos, como poderemos opinar no que é bom ao outro? Semelhanças existem, porém dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Ás vezes acabamos encontrando felicidade onde muitos veem tristeza, buscamos longe o que está ao alcance e nessas desventuras acabamos causando sofrimentos desnecessários a nós ou a outros, mas qual a diferença, pois mal é mal e bem é bem, ou não? Como saber com certeza?
O que é bom pra um é mal para outro! Apenas sei que ou não me ensinaram direito ou eu não entendi direito. Não como incentivo, mas sim como um exemplo desta lacuna (bem-mal), estando preso, recluso em um calabouço é que pude saber o quão valiosa é a LIBERDADE! Liberdade esta que vem com seus adjetivos: Liberdade de expressão, Liberdade de ir e vir, Liberdade para pensar! Existem outras, porém friso nestas e reflito sobre elas.
Liberdade de Expressão: eu queria algo, fui mal interpretado, mal entendido e mal julgado; Liberdade de ir e vir: eu queria voar, cortaram minhas asas e me engaiolaram; Liberdade de pensar: eu queria ser feliz, acreditando no impossível, quase enlouqueci. Mas, o que não nos destrói, nos torna mais forte e capaz.
No fim da jornada, para os que não desistem, sempre sobra um troféu ou ao menos uma medalha, e é a partir daí que você realmente começa a SER ou a SUMIR. Hoje sei o por quê de vários por quês. Sei que o medo deles não é que eu “roube” ou “mate”, mas sim que eu APRENDA A APRENDER ; ver que por mais que eu digo nós, no coração existe eu. Todo conhecimento que existe até hoje está escrito em algum lugar e se busca-lo, hei de encontrar! Porém, após conhece-lo serei um perigo, pois se for capaz de avança-lo, ele se torna passado e resto, e uma nova estrela brilhará. Assim, ao invés de proporcionar-lhe um céu onde brilhar, ofuscam seu esplendor, antes que ele o encontre por si só.
Mesmo assim, todo início tem fim e toda precaução tem seu descuido e assim permaneço aguardando até encontrar um céu onde minha luz não seja ofuscada.

Autor: Gringa


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