Em 1952, uma turma de alunos do 4º ano, do então Grupo Escolar de Iepê, hoje EMEF João Antonio Rodrigues, plantou um pé de jequitibá em frente ao prédio da escola, recém reformado. Um desses alunos, o Sr. Ovídio Zanoni, idealizou um evento em comemoração aos 61 anos desse feito, pois o jequitibá tornou-se para essa turma de alunos um símbolo de esperança, luta e apreço pela cultura e pela educação, e respeito pela natureza.
Programação do evento:
No dia 21/09/2012, dia da árvore, às 9h00, na EMEF João Antonio Rodrigues, um evento solene, homenageando professores, alunos e funcionários da turma de 1952, a maioria presente. Essa turma, partilhará com as novas turmas, experiências de vida e respeito à natureza.
Entre as atividades: exposição sobre a história da turma de 1952, do espaço físico da escola e do jequitibá; apresentação de coral formado por alunos da escola; declamação de poesias por alunos atuais e da época; abraço simbólico na escola e real no pé de jequitibá; plantio de um novo jequitibá por representantes de alunos atuais e da época e distribuição de mudas de árvores doadas pelo incansável Sr. Ovídio Zanoni, idealizador do evento.
Após o evento, a exposição sobre o evento estará também disponível no Blog www.amigosdaculturadeiepe.blogspot.com.br, para que toda região possa partilhar dessa tão importante conscientização.
UMA GERAÇÃO À SOMBRA DE UM JEQUITIBÁ*
Lembranças, muitas vezes, são evocadas por símbolos. Em 1951, uma turma de 38 alunos plantou um Jequitibá numa escola primária, cravada em uma cidadezinha do Oeste Paulista. A muda, doada, foi crescendo ao mesmo tempo que aqueles meninos e meninas.
Os galhos do Jequitibá “viram” aquela geração despedir-se da escola e de sua sombra e outros, muitos outros alunos, chegarem e também ir embora. Presenciou muitas brincadeiras, muitas lágrimas derramadas, muitas brigas, muitos amores juvenis. À sua sombra alguns versos foram escritos e muitos segredos foram trocados. Com tristeza, o Jequitibá também assistiu cortejos fúnebres, que desfilaram na rua à sua frente, conduzindo muitos que ele conhecera meninos.
No Romance “Meu Pé de Laranja Lima”, uma velha árvore se mantém viva, mesmo já sendo apenas um toco, esperando a visita de um menino que ela amava. Mas quando esse menino, já adulto retorna, ele simplesmente amarra seus sapatos apoiando-os no toco da antiga laranjeira, que profundamente entristecida, morre e seca de vez.
Já o Jequitibá de 1951, não sofreu a mesma decepção e ingratidão que a laranjeira, pois nunca foi esquecido, ao contrário, simbolizou para aquelas crianças uma fonte perene de referência de valores, princípios, educação e cultura que carregaram pela vida toda.
Hoje, 61 anos depois, suas crianças já de cabelos orvalhados pelo tempo, voltam para abraçá-lo e semear vida, ensinamentos e novas histórias que serão carregadas pelas sementes de outros Jequitibás.
*Nê Sant’Anna
DIPLOMADOS TURMA DE 1952 DO 4º ANO PRIMÁRIO DO GRUPO ESCOLAR DE IEPÊ (HOJE EMEF JOÃO ANTONIO RODRIGUES)
1- JOAQUIM DO CARMO SILVESTRE
2- MÁRIO CAPELOTI
3- ANTONIO CORREIA DE SOUZA
4- EZIO CEREZA
5- MANUEL MONTEIRO
6- OLÍVIO MIOTA
7- GILDOMAR STEIM
8- JOAQUIM RAMOS DA SILVA
9- CELSO CAVICHIOLI
10- AFONSO AUGUSTO DE LIMA
11- JOSÉ VIEIRA FILHO
12- ANEZIO VIEIRA DA SILVA
13- EDGAR PEREIRA DA SILVA
14- DARCI PEREIRA DA SILVA
15- PROFESSOR PEDRO CAETANO JÚNIOR
16- ALBINO RIBEIRO DE LIMA
17- WILSON ESEQUIEL FERREIRA
18- RAUL DE ALMEIDA (CAMILO)
19- OSCAR BOTELHO
20- OSVALDO BORGES RIBEIRO
21- OSVALDO MACHADO
22- ANTONIO FRANCISCO TEODORO
23- GERALDO MANARIM
24- OSVALDO FERREIRA DE CASTILHO
25- JOSÉ EUCLIDES ZANONI
26- JOSÉ BRAS FILHO
27- SEBASTIÃO MARCONI
28- DIRETOR JOÃO DEPERON
29- ANTONIO COELHO
30- WILTOM FABRI
31- VALDEMAR DOS SANTOS
32- ALCIDES BRENDAGLIA
33- CELSO DE OLIVEIRA
34- OSEIAS SALVIANO
35- JOSÉ EDUARDO DE SOUZA
36- SEBASTIÃO ANDRADE DIAS
37- NELSON DE ABREU
38- ANTONIO DONATO
39- OVIDIO ZANONI
40- ALÉSSIO BATTILANI FILHO
1- PROFESSORA CORALY CUNHA DE SOUZA
2- TERCÍLIO MACHADO COUTINHO
3- JOSÉ ROBERTO DEPERON
4- MARILZA CERÁVOLO
5- MARIA ROMILDA DA SILVA
6- NATÁLIA DE SOUZA
7- ESTERLINA PINHEIRO DE SOUZA
8- SONIA SANT’ANNA
9- MARIA APARECIDA PAIVA
10- DAMARIS FABRÍCIO DOS SANTOS
11- CACILDA PEREIRA DA SILVA
12- MARLENE MESSIAS
13- NAIR LIMA
14- LAUDELINA VIEIRA DO NASCIMENTO (LAU)
15- PROFESSORA NATÁLIA SANT’ANNA CAMBRAIA
16- MARIA DE PAULA ARRUDA
17- DIELZE ALMEIDA DA SILVA
18- APARECIDA SILVESTRE
19- ESTER PINHEIRO
20- ANA RICARDINA MENDES
21- MARIA JÚLIA RODRIGUES
22- ELZA FORMIGONI
23- LAURA LEME MOURÃO
24- LEDA LÚCIA SANTOS
25- ANÍSIA FELICIANA DA COSTA
26- TEREZA DE JESUS VIEIRA
27- MAILDA APARECIDA ZARINATO
28- JOSEFA DO CARMO
29- MARIA SUZANA SIMÕES IÁSCO
30- ERMÍNIA TIDA
31- JURACY PEREIRA ALMEIDA
32- LUIZA FERREIRA DE CASTILHO
33- DIJANIRA DE OLIVEIRA
34- EDNA CAPELOTI
35- MARIA ALVES MACHADO
36- GERCI DE ABREU
37- ILDA ANTONIA DE LIMA
38- APARECIDA CANINI
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40- BENEDITA RAIMUNDO
41- DIVA FERRAZ MARQUES
42- MARIANA AFONSO DE ALMEIDA
43- LAURA KIMICO
44- CÉLIA TUASCO
45- TEREZINHA LEME MOURÃO
46- ANGELINA GERÔNIMO
47- EMÍLIA MIRANDA
48- MARIA APARECIDA PEREIRA
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49- MARIA APARECIDA ALVES
50- INÊS HELENA MARIN
51- BENEDITA CÂNDIDA DA SILVA
52- NAIR GERÔNIMO
53- ANÁLIA FREITAS
54- INÊS ZAGO
55- ISMÊNIA AFONSO DE ALMEIDA
Fotos da reunião da turma de 1952 pra planejar a 1ª Festa do Jequitibá
Memórias de um menino da turma de 1952*
Primeiramente quero agradecer a Deus por minha vida e pela vida de todos e também por nos ter permitido estarmos aqui.
Agradeço aos nossos pais que com certeza estão felizes, lá no céu, pela educação que nos deram; aos nossos professores, no meu caso a dona Argemira e o professor Pedro; a dona Vina e o senhor Manoel Braga, que foram sem dúvida como nossos pais e mães em nossa educação, tanto pedagógica quanto moral.
Agradeço também as autoridades municipais dos poderes executivo e legislativo e as autoridades Judiciárias, civis, militares e eclesiásticas aqui presentes; aos professores e professoras atuais, aos repórteres de TV e jornais e ao povo em geral que nos prestigia e a todos que colaboraram para o bom êxito do nosso evento; ao comércio que mais uma vez esteve presente colaborando na confecção das camisetas; aos meus colegas e professores da turma de 1952 que aceitaram o convite para esse evento porque sem eles não teria sentido o nosso encontro e aos nossos alunos aqui presentes que são o alvo principal dessa comemoração e desse nosso encontro.
Quero agradecer a honra que me foi dada em permitir que nessa oportunidade eu falasse a todos que aqui vieram participar dessa solenidade tão harmoniosa, tão expressiva, tão cultural e tão significativa.
Harmoniosa, eu classifico devido ao clima de amizade, alegria e paz que sempre transcorreu entre nós; Expressiva porque mostramos a importância e o valor que a nossa escola representou na nossa vida e na nossa educação; Cultural por podermos resgatar a história da nossa escola,construída em terreno doado pelo senhor João Antonio Rodrigues, do nosso município e de nosso povo; Significativa por comemorarmos o aniversário dos 61 anos do espaço físico da nossa escola, prédio esse construído pela Construtora Volpe e Fagundes da cidade de Avaré entre março de 1948 até junho de 1951 e inaugurado em agosto. A cópia do projeto original está exposta no painel ao lado. Nesta construção trabalharam meus dois irmãos, o Dalfier e o Silvano, a quem reverencio a memória.
Com a construção do prédio novo, o prédio velho foi desativado (no local onde foi demolido existe hoje o núcleo inaugurado recentemente); mas com a criação do Ginásio Estadual de Iepê, Decreto-Lei n°855 de 16 de novembro de 1956 pelo então governador do Estado Jânio Quadros, com as presenças do prefeito municipal de Iepê Jorge Bassil Dower, do presidente da câmara Aroldo Gazola e dos vereadores Joaquim Severiano de Almeida e Odilon Amâncio Taveira; o grupo velho, como era chamado, foi reativado, funcionando o curso de admissão e a 1ª e 2ª séries do Ginásio, sendo novamente desativado quando foi construída outra escola em nosso município, a Escola Estadual Antonio de Almeida Prado, que pode ser edificada graças à doação do terreno por Antonio de Almeida Prado e pela Igreja Presbiteriana Independente de Iepê. Colaboraram com esse projeto a prefeitura municipal de Iepê e o deputado Francisco Franco.
Mas, com a construção da Usina Hidrelétrica Capivara e o aumento de alunos, o prédio de madeira foi reativado pela segunda vez, até o aumento de 4 salas pela CESP, como podemos observar não foi respeitada a fachada original, sendo definitivamente desativado e demolido em 1967 no governo do Sr. Edmundo de Oliveira e o material reaproveitado na construção do Grupo Municipal do Jaguaretê, a cópia das atas se encontram no painel.
Comemoramos também os 61 anos do nosso Jequitibá, tão emblemático, árvore esta que existe graças à doação de uma muda de mais ou menos 60 cm , pela Sra. Amélia Barreto Santanna, aqui presente e a quem novamente agradecemos, como se pode perceber, naquela época já havia alguém preocupado com a natureza.
Enquanto nós os alunos das 3ª e 4ª séries (os marmanjos) plantávamos o Jequitibá acompanhados pelo Sr. Manoel Braga, carinhosamente chamado de seu Lelé, éramos embalados pelo hino da árvore, cantado pelo orfeão do Grupo Escolar de Iepê, aqui representado por essas meninas............
A finalidade desse encontro consiste principalmente em mostrar aos atuais alunos a diferença da nossa época, as dificuldades que tivemos e as facilidades que vocês têm hoje, por isso disse no início que vocês seriam nosso alvo principal.
Em nossa época não havia transporte escolar nem merenda, nós que com a benção de Deus tínhamos o suficiente é que mantínhamos a merenda, uniforme e material escolar dos menos favorecidos pela sorte; um dia por semana uma professora ou professor, intimava algum aluno que morava no sítio cujos pais tivessem vacas de leite para doar uns 4 ou 5 litros de leite para fazer chocolate; o açúcar e o chocolate em pó eram doados pelos professores. Caso tivesse sobra, nós, mesmo sendo os doadores do leite tínhamos se quiséssemos é claro, que comprar o chocolate; esse dinheiro era para aumentar o caixa para comprar material escolar para os alunos carentes.
Feliz daquele que tinha um cavalo como meio de transporte, em geral cavalo velho e lerdo, pois tinha que ser manso. Quantos por só ter um animal, vinham em dois: um na sela outro na garupa, os outros tinham que “amassar o barro”ou enfrentar a poeira por 2, 3 ou até 5 quilômetros para virem à escola, como por exemplo o Sr. José Dantas, aqui presente, que vinha da Capisa. Mas, não só os alunos andavam muito, também os professores caminhavam bastante para chegar à escola em que trabalhavam, temos como exemplo a professora Da. Cleuci aqui presente, que ia à pé até a escola de São Roque. Muitos outros professores fizeram este sacrifício ou ficaram confinados no patrimônio da Pindaíba em Nantes, como a professora Carmem, aqui também presente. Mas, apesar de enfrentarem todas essas dificuldades nem por isso deixaram de ser eficientes.
A nossa bolsa era feita da sobra do tecido do uniforme, confeccionado em um brim cáqui, essa bolsa era chamada de mucuta ou borná e também usávamos um boné que era chamado de bibi, nele havia 1, 2, 3 ou 4 divisas que significavam a série que estávamos cursando.
Imaginem vocês a gente a cavalo com a mucuta pendurada no pescoço cheia de material escolar e esse tinteiro abria? Já pensaram como ficava o material?
Imaginem ainda, a professora passando um ditado e a gente escrevendo com essa caneta, se molhasse pouco não escrevia nem meia palavra, se molhasse bastante borrava o caderno; a evolução, para nós, foi quando surgiu a pena mosquitinho e em seguida a caneta tinteiro.
E mais uma coisa, nós tínhamos que estudar com a claridade fornecida por uma lamparina e devo dizer com orgulho: nenhum dos alunos da época se tornou marginal, traficante, presidiário ou presidiária.
Um capítulo da história que não devo esquecer-me de contar é que não tínhamos nem médico, nem dentista e muito menos uma ambulância para levar-nos ao hospital, pois nem hospital tinha; duas vezes por ano a gente era obrigado a tomar uma colher de óleo de rícino, que nada mais é que óleo de mamona refinado, o efeito do purgante era tão rápido que ás vezes não dava tempo de chegar em casa, aí, coitada da matinha mais próxima!
Agora, agradeço a Deus pela evolução que vocês tiveram: luz elétrica, médico, ambulância, transporte escolar, merenda farta, computador, internet... Como tudo mudou! Só tem uma coisa que não pode mudar: o ar que respiramos! Por isso o motivo da nossa comemoração e a necessidade de preservarmos as nossas matas, as nossas árvores e os nossos jequitibás, sejam eles plantados como o nosso ou os nativos.
Finalizando, eu estou fornecendo 10 mudas de árvores para que vocês possam levá-las para casa e plantá-las, só não plante-as embaixo da rede elétrica ou muito perto das casas e se vocês não tiverem onde plantar, façam como a Da. Amélia e doem a muda para quem tenha um sítio ou uma chácara, mas continuem visitando a árvore para que daqui 61 anos, vocês possam cantar os parabéns para a vossa árvore, como nós, a turma de 1952, hoje daqui a pouco faremos ao dar um abraço simbólico em nossa escola e um abraço real no nosso Jequitibá. Muito Obrigado.
*Discurso de Ovídio Zanoni
Festa do Jequitibá, 21/09/2012.
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Maravilhosa atitude. Achei o discurso emocionante, evocativo sem ser piegas. Uma linda lição. Obrigada. Ione
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