segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Todos os bichos de Nê Sant’Anna

MÚLTIPLOS OLHARES
Existe um bicho que mora em mim e vez em sempre, me cutuca com uma nova forma de expressão. Sou uma artista plástica frustrada, não consigo desenhar uma linha reta, tudo teima em sair torto. Mas o meu bicho não liga, capta dos objetos outros significados, pra ser bem sincera,  linhas tortas o satisfaz mais.
Hoje não dormi, a velha insônia e meu bicho sopraram em meus ouvidos: INPALAVRA! INPALAVRA!
 Resolvi não discutir, farei instalações artísticas com palavras. Me sinto liberta e criativa, pelo menos por agora. Quem gostar da idéia que comece!
Eis, meu primeiro ou minha primeira INPALAVRA! O gênero não importa! Muito menos a forma!


SÚBITO
 Filhos e poemas são paridos
Em meio a dor e orgasmos.
Filhos requerem mimos, cuidados, rugas,
Anos a fio de dedicação.
Poemas tem pernas próprias, desde recém-nascidos,
São jogados ao mundo,
Lançados sem dó ao turbilhão de idéias
Que fomentam o furacão da existência.

Filhos são acompanhados,
Pesados, medidos, lambidos,
Fotografados à cada besteira que aprendem.
Poemas passeiam livremente entre livros e mãos desconhecidas,
E um dia os encontramos,
Num canto qualquer e sem encontro previsto;
Então sentimos minúsculas ondas de dor e prazer
Durante frações de minuto.

Poemas são eternos, são porções concentradas da viagem da existência;
Filhos e pais são degradáveis,
São visitantes esporádicos do planeta,
E deixam suas marcas gravadas a fogo,
Em letras promíscuas que dançam ao vento.

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